quinta-feira, 14 de outubro de 2010

Para que ficha limpa?


Mais um fato que deve ser comentado das eleições passadas agora no ultimo dia 03 de Outubro de 2010, é o de não sabemos votar, ou não nos damos ao trabalho de pensar para votar. A lei de iniciativa popular que proibia os candidatos “fichas limpas” de concorrer a cargos eletivos, mesmo depois de aprovada e promulgada pelo presidente não sérvio de nada para o eleitor. Veja que poucas vezes vimos os políticos fazerem algo que podia prejudicar-los e desta vez fizeram e nos não usamos para nada.

Mesmo sabendo que nossos candidatos eram fichas sujas, respondendo por vários processos, inclusive muitos já haviam sido condenados e outros sendo acusados durante o próprio processo eleitoral por compra de votos, desvios, uso da maquina publica, e os mais diversos crimes, continuamos votando neles. Tão qual carneirinho que vai para o abatedor sem saber o que esta acontecendo e berrando feliz assim fizemos nos eleitores ou por falta de consciência eleitoral ou por não nos darmos ao trabalho de pensar em quem devíamos votar.

Fico meio indignado às vezes com fatos como estes, pois mesmo sendo beneficiados pela lei não fizemos por merecer tal beneficio, nas eleições modernas onde as campanhas são feitas em tempo real, com eleitores acompanhando pela internet cada passo de seu candidato, com as correntes “do bem” que são feitas onde os eleitores são alertados sobre fatos de seus candidatos serem ou não desonestos. E mesmo assim votam neles, parece que aceitam que os candidatos sejam desonestos.

Relembrando momentos clássicos de nossa política, como a luta pela republica, depois o movimento das “diretas já” onde se pedia o fim da ditadura e que fosse eleito um presidente pelo voto direto nos moldes da democracia moderna, é de se perguntar para que foram estas lutas, de que valeram os exílios, as manifestações, os porões da ditadura? De eleitores que se manifestavam pelas diretas, passamos a jovens que se manifestavam com cara pintada e hoje somos eleitores apáticos, que não sabemos o poder do voto ou para que ele serve pois tão qual uma arma na roleta russa o usamos para nos prejudicar.

Hoje o eleitor que é em sua maioria jovem talvez não saiba o valor do voto, o quanto foi sofrido para que chegássemos a poder votar hoje ainda prefiro acreditar nisso que na hipótese de termos perdido a fé na politica. Irmos as urnas e escolhermos nossos governantes, é um dom, uma dádiva de Deus que devemos defender a todo custo mas ao contrario fazemos sim é eleger os mesmo caciques com as mesmas idéias e com a política podre de mais de 30 anos. Hoje se pegarmos o caderno de política vinculado em um jornal qualquer da década de 80 veremos que a maior parte dos políticos eleitos na ultima eleição já aquela época eram denunciados por crimes dos mais diversos.

Resta-nos um fio de esperança no fato de que se não sabemos votar, no futuro a lei “ficha limpa” ira tirar da política os corruptos e desonestos. É triste pensarmos que sempre nos resta uma esperança para a próxima, e próxima, mas esta próxima nunca chega e sempre esperamos. Abrimos mão de um direito ótimo de escolhermos quem nos governara e deixamos para que os juízes o façam seja do TRE ou do STF chegaria a ser cômico se não fosse trágico.

Bem para não sermos eleitores de uma nota só pensemos que no futuro será melhor e aguardamos as decisões dos tribunais quanto aqueles que foram por nos eleitos, se vão ou não assumir, se podem ou não ocupar o cargo. Pois a decisão já foi tomada e o pior não podemos dizer que foi uma decisão tomada as cegas, pois fomos tão bem alertados sobre “fichas limpas”, crimes eleitorais e sobre o voto não ter preço mas sim conseqüência que hoje não podemos sequer reclamar de qualquer coisa que aconteça nos governos.

Eugênio Barbosa de Queiroz.

É Advogado, pós-graduado em Direito Ambiental. Militante no município de Juína – MT. Dicas, sugestão para textos eugeniobq@gmail.com

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