terça-feira, 18 de outubro de 2011

Comissão da verdade, ou da meia verdade.


Toda pessoa que hoje analisa a inquisição, e lê ou estuda que há época pessoas que estavam sobre efeito de chás com poderes alucinógenos eram considerados feiticeiros e ainda que pessoas acometidas de problemas mentais eram queimadas na fogueira como se bruxas fossem, pode e vai ver em tais fatos uma atrocidade, acreditar que isso foi loucura e que os inquisidores e que deviam ir a fogueira pelas maldades que fizeram e praticaram.

Mesma sorte tem a Ditadura Militar Brasileira que vingou desde o inicio dos anos 60 até meados dos anos 80, quando em 1985, após as a campanha das Diretas Já houve eleição para presidente, que depois com a eleição do Presidente Collor efetivou de fato a democracia brasileira que vinga até os dias atuais. Hoje para quem ouve estórias e historias do período ditatorial vê sempre nos ditadores, que por usarem de meios pouco ortodoxos, tiranos que usando de violência desmedida e de força excessiva caçavam por brasileiros que lutavam por um Brasil livre e democrático.

Este entendimento se deve ao fato de as cabeças pensantes como historiadores, escritores ou cientistas, e outras nem tão pensantes, porem populares e com grande poder de promoção junto às massas, como artistas e até jogadores de futebol serem simpatizantes a causas como o comunismo e o socialismo, em detrimento ao regime capitalista defendido pelos ditadores, assim sendo restou no imaginário popular brasileiro que os revolucionários ou aqueles que se insurgiram contra a ditadura eram mocinhos e que os militares brasileiros, por serem os ditadores, seriam os vilões.

Porem esquecem, aqueles que defendem que a oposição a ditadura era feita por heróis, o fato de que a maioria dos opositores não lutavam por um Brasil livre, mas sim um país que fosse regido por um regime ditatorial de esquerda, comunista ou socialista, como aquele existente hoje na Venezuela ou em Cuba, dado isso para a população que não se aprofunda na idéia, mas que acredita nas falas soltas de um discurso ou nos fatos que interessam aos revolucionários, estes criaram uma mística de que de fato foram heróis.

Para quem gosta de propaganda é fácil ilustrar este fato, basta lembrar a campanha do Jornal Folha sobre Adolf Hitler, onde o narrador descrevendo apenas as qualidades de Hitler faz dele um super estadista, digno de Alexandre em suas conquistas e façanhas. É típico de governo, e do homem, este comportamento onde exaltar os acertos e menosprezar os erros como fazem as crianças que após uma avaliação na escola dizem: fiz a prova, e tirei 10 ou fiz a prova, mas a professora me deu 0.

Assim acontece com os “revolucionários” brasileiros, que hoje recebem pensões e indenizações do Estado como se heróis fossem, escondendo que defendiam ideais Comunistas e Socialistas a época da luta armada, bem como os atentados terroristas realizados e feitos na defesa destes ideais, porem tudo isso já aqui exposto, tem ainda uma faceta pior, os outrora revolucionários lutam, hoje beneficiados pela pratica do politicamente correto, pela criação de uma inquisição moderna que hoje seria intitulada “Comissão da Verdade”.

Nesta Comissão da Verdade os crimes praticados pelos Militares Ditadores seriam investigados, e os “carrascos” punidos de maneira exemplar para servirem de exemplo no futuro a qualquer fagulha de uma nova ditadura, que queira surgir em solo pátrio, situação semelhante acontece hoje Argentina, onde velhos envolvidos com a Ditadura daquele país são levados aos tribunais para condenações por crimes praticados no regime de exceção.

Assim sendo seria esta comissão da Verdade, uma comissão de meia verdade, pois bateria em Xico ao processar, julgar e condenar os ditadores que de fato fizeram atrocidades na ditadura, porem não bateria em Francisco ao deixar de investigar, julgar e condenar os revolucionários pelos crimes por eles cometidos na mesma ditadura inclusive crimes de terrorismos com explosivos análogos aos hoje praticados pelos extremistas islâmicos.

Deixando desta forma a historia capenga, por não respeitar um acontecimento histórico, ao se votar a Lei da Anistia, que serviu para os dois lados ditadores e revolucionários, se criou cláusula impeditiva de que os fatos fossem revistos no futuro, e principalmente que os crimes cometidos por ambos os lados fosse julgados sobre os holofotes de outra época, assim como não se pode hoje ser a inquisição julgada pelas leis, fatos e tecnologia atual, não se pode também julgar os fatos acontecidos durante a ditadura, pois os conceitos históricos, sociais e antropológicos são outro.

Devem sim os desaparecidos políticos serem encontrados, mesmo que para confortar suas famílias, se é que isso é possível, bem como terem respeitados os militares que morreram defendendo uma ordem que lhes foi dada, porem não cabe uma comissão da verdade para punir os crimes cometidos por ambos os lados, pois isso corre um risco mais serio que deixar um culpado solto o eminente risco de tornar os homens desiguais, havendo uma condenação de apenas meia historia.

É obvio que um texto como este, passa apenas uma idéia pobre dos fatos, expondo situações e fragmentos da historia, somente um estudo amplo e detalhado trará ao leitor uma perspectiva de todos os fatos e aspectos da historia, não é o intuito dele endeusar ou condenar qualquer das partes, mas sim expor ao leitor que não pode um fato histórico ser julgado em outro momento, senão aquele que aconteceu, sobre pena de não se fazer justiça mas sim vingança.

Eugênio Barbosa de Queiroz.

É Advogado, pós-graduado em Direito Ambiental. Militante no município de Juína – MT. Dicas, sugestão para textos eugeniobq@gmail.com

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