terça-feira, 21 de dezembro de 2010

A síndrome de Macunaíma.


E chega ao fim o governo Luiz Inácio, vivemos a ultima semana de uma era, que já se encerra. A partir do próximo dia 1º de Janeiro, teremos nova presidente, novos sonhos e novas perspectivas se abrem e com elas novo período de textos criticando e aplaudindo o governo. Há poucos dias vi na TV uma reportagem que relatava índices astronômicos e 83% de aprovação do presidente; e de que mais de 56% dos eleitores acreditavam que o governo Dilma seria igual que o governo Lula.

É de se pensar pois a pesquisa relatava que o presidente Lula no termino de seu 2º mandato esta com o maior índice de aprovação para um presidente eleito desde a reabertura política, pos-ditadura, fato inusitado quando pensamos que ele não foi um exemplo de político tão pouco de governante. Outro fato que me chamou a atenção é o de que mais da metade do povo brasileiro acredita que o governo Dilma será Igual ao que se encerra no próximo dia 31.

Gostaria de entender o porquê de tanta aprovação a Luiz Inácio, mas não consigo, pois quando pensamos no seu governo, não temos algo e específico que faça acreditar que foi um ótimo governo. Entendo que pode lhe garantir tais índices o fato de ele não ter tido em seus 08 anos de governo uma oposição que ficasse, dia após dia, abrindo suas chagas e as expondo a opinião publica as entranhas do governo, talvez seja este o motivo de ter a oposição as ultimas 03 eleições.

Após 08 anos de governo, onde sistematicamente vimos governo e seus aliados envolvidos nas mais diversas formas de desvio moral, deixo de relatar aqui pois todos foram expostos pela mídia e debatidos exaustivamente pela oposição na ultima eleição. Mas fato é que nos ultimo oito anos não vimos o cara conseguir emplacar sequer uma negociação ou mediação para que honrasse o titulo de “político mais influente do mundo”, como lhe atribuiu a revista Times.

Quando vejo manchetes como as acima intituladas, penso que estamos face a uma velha figura de nosso folclore, o Macunaíma de Mario de Andrade, o bom herói as avessas, cheio de defeitos e que de maneira alguma pode ser visto como um exemplo, mas que por ter um povo incapaz de lhe julgar com um juízo moral acaba acreditando que ele é sim uma figura com virtudes morais e éticas, que pode ser tida como herói nacional.

Vemos tal distorção acontecer com a personagem Capitão/Coronel Nascimento do filme Tropa de Elite, em que ele não é nada certo, mas que por passar uma idéia de ser “menos ruim” que os bandidos que combate, acaba tendo uma figura de herói e de virtuoso; em tal comparação não fazemos um juízo, de certo ou errado, mas por vermos que ele pode trazer um beneficio acreditamos que é melhor quando comparado a sua oposição.

Quando pensamos que 83% dos eleitores aprovam o governo Lula, devemos acreditar que estes eleitores obtiveram um beneficio direto, seja por uma bolsa ou por uma beneficia personalíssima, e dado este motivo acreditam que estão melhor hoje, pois quando comparamos o Brasil com qualquer outro país emergente no período entre 2003 e 2010, vemos que seus índices são os piores que todos e mesmo assim seu povo é mais feliz e aprova seus governantes.

Mesmo não tendo votado na presidenta, espero que ela ao fim de seu governo tenha mais a comemorar que o Luiz Inácio e que consiga trazer uma melhora à vida real para seu povo e nosso país, sem perseguir aqueles que um dia a perseguiram e sem beneficiar, de maneiras espúrias e inconsequentes, aqueles que a apoiaram para que chegasse a presidência. Pois seu governo passaria de um sonho a um pesadelo em questão de alguns atos tomados; tenho um sonho que ela navegue menos que o Luiz Inácio pelos mares dos companheiros imorais

Eugênio Barbosa de Queiroz.
É Advogado, pós-graduado em Direito Ambiental. Militante no município de Juína – MT. Dicas, sugestão para textos eugeniobq@gmail.com

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