terça-feira, 19 de abril de 2011

Desarmar o cidadão não é solução.

Desde o atentado, onde um atirador adentrou a escola Municipal Tasso da Silveira, no Rio de Janeiro, e assassinou brutal e cruelmente 12 adolescentes, e ainda feriu vários outros, vem a classe política fazendo uma campanha aberta para que já no Outubro próximo novamente se realize no Brasil um referendo questionando a opinião do povo sobre a possibilidade, ou não, de se proibir a venda de armas de fogo legalmente para a sociedade civil.

Iniciativas como esta adotada pelos políticos no calor de um atentado, sem qualquer fundamento técnico ou cientifico, faz a população pensar onde estavam os defensores do desarmamento nos últimos anos. Incentivar, agora, que se pare de vender arma de fogo, é tão questionável quanto a atitude de um personagem de uma estória que se conta na Juína – MT. Reza a lenda que o cidadão chegar a sua casa e acha a esposa copulando com um estranho no sofá, tomou como providencia para evitar nova traição o ato de jogar o sofá pela janela, pois seria o móvel o culpado pelo adorno que a esposa colocou na testa do cidadão.

Geralmente os governantes fazem estas artimanhas, em um momento de forte comoção social, alias como acontece agora, se colocam contra a violência alegando que barrando a venda de armas de fogo imediatamente diminuiria a quantidade de mortos pela violência, adotando assim a saída dos covardes, ou para algum extremista a opção dos medíocres, pois ao invés de buscar a causa do mal, simplesmente faz uma medida paliativa que como nuvem de fumaça tira a atenção do fato principal.

Porem triste verdade é que proibir a venda de armas, tentando diminuir a violência é como passar uma pomada buscando curar uma fratura exposta de fêmur. Melhor seria que os Ilustres Políticos atacassem os reais motivos que fazem com que a violência aconteça. Esquecem os governantes que sempre segurando uma arma que faz uma barbaridade há uma pessoa, e usando frase feita “armas não matam pessoas, pessoas matam pessoas”.

Importante é se pensar quais fatos fizeram com que aquele atirador entrasse na escola e atirasse nos alunos, ou ainda, quais efeitos teria a proibição da venda de armas de fogos se de fato evitaria que novas tragédia como aquela acontecessem. Desconsideram aqueles que defendem a suspensão da venda de arma de fogo que o atirador usava duas armas ilegais, uma com numeração raspada e outra que possivelmente é fruto de importação ilegal.

Existem no mínimo 100 motivos para não se proibir a venda da arma de fogo, porem mais importante que enumerar cada um deles é saber que, necessário é proibir trafico de armas de fogo que entram pelas fronteiras abandonadas do Brasil, coibir o trafico de drogas que financiam geralmente a entrada das armas ilegais, dar apoio as pessoas dependentes químicas ou aqueles que têm problemas de saúde, principalmente mentais, pois talvez assim o governo alcançasse a meta de diminuir a violência na prática, porem projetos assim sequer fazem parte de qualquer plano de governo ou são prioridade para diminuir a violência.

Fatos como a impunidade e a total ausência de políticas publicas sérias que dêem qualidade de vida ao povo, qualidade esta que advenha de um trabalho, digno e honesto, e não de uma beneficia feita por uma lei, simplesmente para legalizar a compra de voto, também contribuem para a violência, talvez até sendo estas as reais causas dos crimes, imagine caro leitor a situação vivida por um jovem qualquer que não tem limite, pode fazer aquilo que bem entende, sem que ninguém lhe barre ou faça oposição, sem ser punido ou condenado.

Não cabe a este texto numerar outras formas que poderia aquele que cometeu crime realizar-lo, caso não tivesse as arma de fogo, mas com certeza existem formas tão eficazes e até de um resultado mais eficiente, que aquela adotada por ele, pois na verdade o atirador estava disposto matar as pessoas, sem motivos ou justificativa então não pouparia esforços ou meios para realizar o crime.

Porem de forma alguma proibir a compra e o uso de arma de fogo, registrada e legal, vai barrar ou sequer diminuir os crimes que qualquer pessoa queira realizar, pode no maximo dar ao criminoso a certeza que a vitima não tem defesa.

Mau comparando, quantas vezes nos últimos tempo você viu um político criticando a qualidade das estradas e os motoristas que dirigem sobre efeito de drogas, licitas ou não, pois bem, se amanha acontecer uma tragédia por qualquer destes fatores no momento seguinte surgirão oportunistas falando de CPI, viram as ruas dizerem que tem enrijecer a lei seca, que seguindo uma ou outra forma milagrosa vai se diminuir os mortos no transito, mas infelizmente mesmo sendo tragédias anunciadas o brasileiro só fecha a porta depois de roubado, hoje não há um político sequer que esteja preocupado com estes problemas no Brasil.

Eugênio Barbosa de Queiroz.

É Advogado, pós-graduado em Direito Ambiental. Militante no município de Juína – MT. Dicas, sugestão para textos eugeniobq@gmail.com

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