terça-feira, 26 de julho de 2011

Caminha-se para o momento que roubar dinheiro publico será normal.


Desde que foi deflagrada a atual crise do DNIT, que não pode de forma alguma ser chamada de ultima, vem as autoridades Federais discutindo os valores que foram desviados, já conseguiram chegar os políticos a um consenso, de fato houve sim desvio de dinheiro nas obras realizadas por aquele Departamento, tentam agora os Legisladores e Governantes chegar a uma cifra, um valor final, de quanto foi desviado nas obras faraônica patrocinadas por aquele órgão.

Porem o pior desta situação toda não é o fato de terem os dirigentes do Ministério dos Transportes criado uma rede de facilidades onde recebiam propina para aprovar ou fazer obras publicas, ou uns ainda mais espertalhões usarem de informações privilegiadas para adquirirem propriedades onde passariam as melhorias implantadas pelo DNIT para obter lucro com a especulação imobiliária.

Tudo isso apesar de causar nojo, a cada dia se torna mais comum a todos que assistem jornal, é revoltante para quem gosta de política ver o Ministério dos Transportes e sua diretoria ruírem como um castelo de cartas, ou como as obras publicas abandonadas por falta de dinheiro no Brasil, dinheiro este, que falta nas obras, mas que no entanto verte nos bolsos daqueles que governam.

Seria um enredo perfeito para trama de novela das 09, envolvendo figurões com livre acesso a todos os órgãos públicos e aos caixas de tais órgãos de onde podem pilhar o quanto quiserem, ainda com golpes milionários por meio de obras superfaturadas e desvio de dinheiro de outras obras que sequer saem do papel, uma esperteza invejável onde sobra jeito para tudo menos para fazer aquilo que é certo, esperteza esta que para alguns não passa de desonestidade, estória repleta de paraísos onde se constroem verdadeiros oásis com casas suntuosas e mordomias dignas de reis persas, regada com negócios como aquelas consultorias que em meses tornaram um cidadão envolvido em outro escândalo publico deflagrado a poucos dias milionário e no capitulo final a impunidade de todos os envolvidos.

Agora em mais um capitulo desta trama, o Ilustríssimo Ministro Paulo Bernardo diz que “é quase impossível não haver irregularidades no DNIT”, como ser desonesto é da natureza do homem, vai dizer que você nunca cortou uma fila ou comeu um doce antes da hora em uma festa, não é de se estranhar que o Ministro diga isso, pois sempre haverá desonestos nos governos, porem é de repudiar as reações que tal afirmação teve na sociedade brasileira, muitos sequer tomaram ciência dela e outros que tem obrigação moral de reclamar fizeram ouvidos moucos como se não tivessem qualquer obrigação cívica.

Os “caras pintadas” não foram as ruas com faixas e bandeira pedindo a queda de nenhum político, será que em menos de 20 anos os jovens idealistas que queriam mudar o mundo e para isso iam as ruas pedindo o impeachment do Presidente Collor se contentaram em receber uma fração ínfima do bolo do dinheiro publico por meio de bolsas e de cargos públicos que só servem para se enriquecerem. Onde foram parar as entidades classistas como a OAB em uma hora destas, tal entidade só serve hoje para defender o politicamente correto e imoral como a quebra da lei da anistia. Onde foram parar os homens de bem deste país que em passado próximo se indignavam com o roubo da coisa publica, será que mesmo eles preferiram desistir e tentar uma boquinha no governo, a lutar por um país melhor para seus filhos.

Outrora tratavam as autoridades como absurdo a impunidade, reclamavam os estudantes por meio da UNE, lutava a sociedade organizada para que os criminosos fossem punidos, hoje a impunidade se tornou rotina, ficou comum a ponto de todos acreditarem que um criminoso sair ileso pelos crimes que comete nada mais é que a justiça ser feita, hoje tais entidades lutam mais para defender o “direito humano” do criminoso que para tentar condenar-lo pelo crime que cometeu.

Pelas declarações do Ministro Paulo Bernardo, doravante caminha o Brasil para um tempo onde é impossível não haver irregularidades no DNIT, como se não houvesse mais homem sérios nesta terra e estivesse o Brasil e a sociedade moderna regredido a época da barbárie onde não havia leis, penas ou punições.

Nestes novos tempos não poderá mais o homem de bem, achar errado um político qualquer se apoderar daquilo que é publico, tendo que aceitar tal fato como “normal”, se é da natureza do homem ser desonesto, o mínimo que se pode esperar das Autoridades Instituídas, dos Poderes Legislativo, Executivo e Judiciário é que puna com severidade aqueles que são desonestos e que a sociedade como um todo se revolte para a corrupção, repudiando tal escoria, pois é medíocre acreditar que a honestidade pode ser barganhada por qualquer outro bem.

Eugênio Barbosa de Queiroz.

É Advogado, pós-graduado em Direito Ambiental. Militante no município de Juína – MT. Dicas, sugestão para textos eugeniobq@gmail.com

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