quinta-feira, 18 de novembro de 2010

Racismo em um País miscigenado.


Na semana da consciência negra vemos muitas iniciativas bacanas, onde pessoas e ate mesmo algumas ONGs serias incentivam a integração entre os povos e pregam uma igualdade de raças, credos, religiões e de pessoas. Parece estranho em um país formado por todos os povos, mas principalmente por negros, índios e europeus, aonde qualquer pessoa que chegue ainda hoje é bem vinda se discuta tanto o racismo.

Na ultima semana tomou proporções midiáticas só possíveis nos dias atuais, com a comodidade da internet e uma imprensa que praticamente trabalha e tempo real com os fatos uma descriminação supostamente sofrida pelo povo Nordestino. No fim da semana passada, e mesmo no inicio desta, praticamente todos os meios de comunicação noticiavam colocações racistas de uma moça de São Paulo que insatisfeita com o resultado da eleição para presidente teria dito que deveríamos afogar os nordestinos.

Complicado é falar de racismo, pois quando tocamos neste assunto temos que reconhecer a existência dele e principalmente pensarmos o que fazemos com o nosso racismo. Entendo que somos um povo só, que o Brasil é um país tão grande, dimensões continentais, graças a seu povo, que vai desde descendente Europeus que hoje se concentram na Região Sul, aos Indígenas da Região Norte, passando necessariamente pelo Nordeste com seu povo lutador contra a seca e pelas regiões Sudeste e Centro Oeste que é praticamente são Meca onde toda esta variedade de povos se encontra.

Quanto a esta ofensa ao povo nordestino que se sentiu ofendido com pela historia da estudante entendo que ela se comportou sim muito mal, fez uma ofensa gratuita e sem qualquer sentido ou fundamento. Mas também não foi o fim do mundo, pois vivermos em uma democracia e sermos democratas tem suas vantagens, mas também algumas desvantagens. Dentre elas a de algumas vezes ouvirmos pessoas dizerem bobagens sem tamanho ou sentido como a do nosso atual presidente, de que devíamos “extirpar o democratas da política” ou ainda aquela antiga do ACM Neto de que ele mesmo “daria uma surra de sinta” no Luiz Inácio.

Outro tema que mesmo antigo me vem atual sempre é o de hoje já estar pacificado por nossos pensadores e filósofos que a saída “da cota para estudantes em faculdades” é razoável, justificando-se em uma suposta deficiência na educação dos estudantes negros, índios e principalmente daqueles vindos das escolas publicas. Entendo que a única coisa que conseguimos com qualquer sistema de cotas e de fato criar 2 classes na sociedade, pois estabelecemos sim que temos 2 povos em um mesmo pais.

A partir do momento que criamos uma cota em qualquer instituto de ensino, ao meu entender, reconhecemos que não somos um só povo, mas que temos um povo superior que concorre em condições igualitárias e outro povo que deve ser atendido pelas cotas. Meu maior medo é de nos contentarmos com cotas e acabarmos acreditando que elas resolvem o problema do ensino.

Tenho um receio de acreditarmos, por exemplo, que o problema não esta nas escolas primarias com poucos professores, na evasão escolar existente, na falta de bons professores e mesmo de uma renumeração insatisfatória para aqueles que se dedicam ao magistério e colocarmos a culpa de tudo na cor da pele ou na origem de alguns estudantes, compensando-os com uma cota qualquer em uma universidade.

É estranho, pois ao mesmo tempo em que lutamos para sermos um povo unido, uma pátria com homens, e mulheres, iguais inclusive pela Constituição, com pessoas justas, estipulamos que somos um país dividido entre cotistas e não cotistas. Onde uns brigam para serem negros e se beneficiarem das cotas e outros se dizem prejudicados pelas mesmas cotas por terem se preparado melhor.

Talvez não tenha eu fundamentação técnica para apoiar o sistema de cotas, mas do alto de minha ignorância penso que ele ajuda sim a dividir ainda mais o povo brasileiro. Sim posso ate mesmo estar dizendo uma bobagem sem tamanho aqui, mas acredito que devemos dar oportunidades iguais a todos, pois beneficiar alguém é a pior forma de preconceito que existe, pois dizemos que o beneficiado não é capaz.

Bem da mesma forma que defendo que o Brasil é mais forte que a política, entendo também que nosso pais é mais forte que qualquer racismo, homofobia, xenofobia, ou qualquer outra denominação que possa ter. Somos irmãos, independente de se somos negros, nortistas, sulistas, ou índios e qualquer forma de separar, de criar qualquer subdivisão deste povo deve sim ser considera racismo. Usando frases feitas as vezes duas metades, são mais fracas que um inteiro.

Eugênio Barbosa de Queiroz.

É Advogado, pós-graduado em Direito Ambiental. Militante no município de Juína – MT. Dicas, sugestão para textos eugeniobq@gmail.com

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