quinta-feira, 29 de março de 2012

Coisas da fé.



Discutir fé por certo é algo difícil, pois sempre que se polemiza tal tema por conseqüência chega-se a um ponto onde toda a fundamentação, tanto do ateu quanto do religioso, se baseia somente no foro intimo de cada parte, assim insiste o ateu em alegar que não vê qualquer lógica na fé e que cultuar ou acreditar em um Deus qualquer nada mais é que perda de tempo, da mesma forma insiste o religioso em dizer que a fé vem do intimo, da crença em uma divindade que pode não ter qualquer lógica ou racionalidade, mas socorre aquele que acredita nela.

Com este raciocínio guerras foram justificadas, e aconteceram caçadas as bruxas, aos cristãos e aos protestantes, se alternando em tempos históricos os caçadores e os perseguidores, porem sempre a intolerância religiosa, ou a intolerância aquele que não tem uma religião, foi o motivo de tais acontecimentos.

Nos tempos modernos a intolerância em muito diminuiu, talvez como reflexo do esvaziamento de fieis, pois própria fé vive dias complicados, porem com a exposição midiática e a noticia em tempo real, faz com que qualquer violência ou fato que aconteça seja de imediato trazido ao publico que tem conhecimento da pior parte da fé, ou da ausência dela.

No novo tempo da religiosidade, aproveitam os propulsores da fé, usando da mídia, com programas televisivos, grupos musicais, shows em praças publicas para milhares de pessoas e com os mais diversos modos de mídia levam a crença religiosa aquele que possa precisar ou que tenha interesse na fé, talvez para alguém mais incrédulo ou ateu, agem tais religiosos da mesma forma que os mercadores que levam a mercadoria a quem dela precisa, assim com visitas em hospitais, com discursos bonitos, com “milagres expressos” cada pregador se orgulha de ter seus templos cheios.

Entretanto resta uma sonora duvida com relação ao que na verdade buscam os fieis que estão nestes templos, ou ainda o que pregam estes semeadores de real fé, uma das desvantagens de se viver em um país livre é que se pode ter a fé que bem entender assim as pessoas perdem a essência da fé, deixando de acreditar em uma divindade, para se orgulharem de freqüentarem a igreja de “tal pregador”, ou seja, os fieis que enchem os templos dão a entender que estão ali pelo pregador, por suas falas bonitas, pelo templo confortável, ou por um milagre que advêm da simples presença da pessoa no templo, e não para buscarem o encontro com a fé ou com a divindade que ali deveria estar.

Por outro lado os pregadores, são um capitulo a parte, com dinheiro fácil e de vertente constante, colhido dos fieis que pagam dizimo, fazem doação, e passam por constantes coletas, os pregadores podem tudo, adquirir aquilo que bem entenderem, desde bens para as igrejas, mesmo que tais bens destoem totalmente da função da igreja que é levar ensinamento religioso, ate enriquecer o patrimônio pessoal de cada pregador, criando assim uma triste realidade, onde aqueles que dizem que a religião virou comercio, acabam de maneira indireta tendo razão, vez que indiferentes dos meios os pregadores acabam tendo lucros.

Acaba assim por surgir uma realidade onde os pregadores não têm qualquer interesse na verdadeira fé, aceitando que se distorça a religiosidade, acrescentando e tirando doutrinas de religiões como se a fé fosse maleável, pois querem das ovelhas apenas os frutos que estas possam produzir para enriquecer a igreja, por outro lado as ovelhas esquecem, ou fazem vista grossa, ao principio da fé, criando assim uma fração de religiosidade, adequando aquilo que a igreja pede ao que precisam ou querem, de forma que quando a igreja não é mais o conveniente, ela simplesmente muda de igreja abandonando aquilo que disse um dia acreditar.

Possível é que estejam as duas partes confundindo fé com idolatria, de forma que a religião cria um ídolo, o pregador que tem seu nome mais conhecido e divulgado que a própria religião, e as ovelhas não vão ao templo para buscar a fé, mas sim para idolatrar o ídolo que esta pregando, orando, rezando ou cantando sobre o altar desvinculando assim a figura do Deus, para acreditarem no homem que esta sobre o púlpito.

Nota do Autor: Esclareço que não defendo nenhuma religião no texto, citando apenas opinião, da mesma forma que acredito existir homens bons propagando a fé, entendo haverem muitos charlatões propagando golpes e canalhices a titulo de religião.

Eugênio Barbosa de Queiroz.

É Advogado, pós-graduado em Direito Ambiental. Militante no município de Juína – MT. Dicas, sugestão para textos eugeniobq@gmail.com

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